Terceiro Dia
O Rio de Janeiro conseguiu a glória de se tornar um caos antes mesmo da chegada da Tsunami.
Os projetos da prefeitura atingiram parte do objetivo. A calha que estava sendo construída teve suas obras interditadas. A juíza da décima-quinta vara, cunhada da governadora, acusou-as de superfaturamento. Na verdade, era realmente um pouco estranho cada tijolo ter custado R$ 25 e o orçamento total ter um custo quatro vezes maior que o previsto. Com a interdição, a população invadiu o canteiro de obras para conseguir tijolos, cimento e tudo mais que fosse necessário para conter a Tsunami e reconstruir as casas, gerando conflitos com a polícia, alguns feridos e muitas prisões.
Aproveitando-se deste momento politicamente fraco do prefeito, a governadora chutou a paçoca e foi a Brasília pedir pessoalmente o início da “CPI da calha”. O prefeito, então, também foi obrigado a ir a Brasília elaborar uma articulação política pelo fim do início da CPI.
Apesar da calha ter sido um fracasso, o escoamento dos ricos para a serra foi um sucesso. O problema foi que o preço do pedágio triplicou em função de uma decisão extraordinária da concessionária que administrava a rodovia e se aproveitou do aumento no fluxo de carros provocado pela Tsunami, o que obrigou o município a arcar, gentilmente, com os custos extras dos fugitivos da enchente, gastando além do orçamento.
O projeto “Jet-Ski a um real” foi um sucesso. Esse é o problema. Como não havia nenhuma estrutura para a distribuição dos Jet-Skis, a fila virou uma zona, com arrastões e o famoso empurra-empurra. Isso obrigou a polícia a intervir, deixando cinco feridos e mais alguns presos. Além disso, os Jet-Skis esgotaram rapidamente, e algumas pessoas que haviam conseguido vários desses veículos na confusão passaram a vendê-los no mercado negro.
Outro problema foi que após conseguir os veículos, ninguém queria esperar pela Tsunami, e houve uma invasão das praias e lagoas por pessoas que nunca tinham pilotado Jet-Skis mas estavam loucas para usar os brinquedinhos. Após uma série de acidentes e muitas ligações para o disque-denúncia, a polícia teve de iniciar uma intensa repressão, que deixou mais alguns feridos e outro tantos presos.
À câmara dos deputados, ninguém foi. Afinal, naquele dia havia mais risco ainda da Tsunami vir, o show na Bahia ainda não tinha acabado e não havia festinha para ninguém. Sem deputados, a ajuda para as vítimas não foi votada. Entretanto, os aumentos concedidos de 50% no vale-paletó e no vale-alimentaçao, além da autorização para contratar mais dez acessores, não foram retirados.
Em breve, "A tsunami", a parte final da saga (dessa vez de verdade)
segunda-feira, 11 de abril de 2011
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