quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eu amava Jair Bolsonaro

Eu amava Jair Bolsonaro. Sim, amava ele. Enquanto todo Brasil o odiava por ter xingado a Preta Gil no CQC, eu procurava um pôster dele para minha sala. Quando a corrente gay o execrou por ser publicamente contra a união homossexual, eu rezava por mais um pronunciamento do excelentíssimo Deputado no Jornal Nacional. Mas acabou tudo. Pronto, falei: acabou. Para mim, Jair Bolsonaro é passado.

Bolsonaro valia a pena porque era o primeiro político depois de muito tempo a sair do armário para a direita. Discordo integralmente de praticamente tudo que ele fala, nunca votaria nele, mas era animador ver alguém fiel a convicções que escapavam do senso comum em meio a uma política dominada por ideias domesticadas. Ele sustenta os absurdos que fala mesmo em meio aos furacões quase irresistíveis da opinião pública, o que é fundamental para qualquer democracia. Afinal, se nossa sociedade tem conservadores, e de fato os tem, eles devem estar representados no Congresso. E se todos os representantes fossem fiéis à ideologia dos que os elegeram, teríamos uma representatividade muito mais eficaz.

Porém, Jairzinho, o furacão da política, subiu no telhado. O castelo de cartas voou, a firma quebrou, o encanto se desfez e mais mil frases feitas bregas. O choque ocorreu anteontem, quando lia a revista Alfa. Estava lá, escrito para qualquer um ler: Bolsonaro se declara um político de centro. Eu disse CENTRO. O cara dos “direitos humanos para humanos direitos”, que é contra gay, a favor da pena de morte e sustenta tantas outras propostas de ouro da agenda reacionária, nega ser de direita! Gostava do Bolsonaro unicamente por achar corajosa sua atitude de manter-se como expoente quase solitário da extrema-direita, mas em uma simples palavra de 6 letras ele jogou tudo no ar. CENTRO. Equiparou-se à manada que pensa uma coisa e diz outra para agradar eleitorado.

Minha relação com Jair Bolsonaro acabou. Achava que ele era ideologicamente inflexível, mas ele flexibilizou geral quando inventou ser de centro. Quando um direitista que vale pela inflexibilidade ideológica diz que é de centro, acaba com tudo que nele prestava. É como a Pamela Anderson sem os peitos. Para mim, o Bolsonaro agora é apenas uma Pamela Anderson sem peitos da política brasileira. Não te quero mais! Não mais!! Nunca mais!!!

Um comentário:

  1. Incrivelmente, eu concordo com você!
    Duas vezes na mesma semana.. tá brabo...

    ResponderExcluir