quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Desfeito estufa

Esse verão foi um maçarico só no Rio de Janeiro. A média das temperaturas máximas foi de 36,2 graus, ao passo que a das mínimas foi de 25,5 graus. Esse calor todo foi um prato cheio pra turma do efeito estufa. Em qualquer conversa sobre o calorão, lá vinha um sabe-tudo dizer que a culpa era do famoso efeito – sendo que a maioria não tem a menor idéia do que ele é.

As notícias para essa turma são ruins. A primeira é que o verão de 1984 foi mais quente do que este, sendo que naquele ano as emissões de gás carbônico do homem na atmosfera, em tese as causadoras do efeito, eram bem menores do que hoje em dia. Outra novidade ruim para os apocalípticos é que o verão quente já era esperado, mas em nenhum momento devido às emissões de gás carbônico. A principal razão, confirmada pelo Instituto de Meteorologia (Inmet), é o famosíssimo El Niño, a alteração na temperatura das águas do pacífico que muda a distribuição do ar quente e úmido da Amazônia. Tal fenômeno é registrado “só” desde o século XIX, não tendo, portanto, nada a ver com o que o homem lança ou deixa de lançar na atmosfera atualmente.

Na contramão do discurso do efeito estufa como causador de qualquer male da sociedade ocidental, há uma corrente capitaneada por Luiz Carlos Molion, meteorologista da Universidade Federal de Alagoas e representante da Organização Meteorológica Mundial no Brasil. Segundo ele, apenas dois fatores alteram a temperatura da terra: a posição do sol, que varia com ciclos de 22 a 24 anos, e a temperatura dos oceanos. As emissões de gás carbônico do homem são totalmente irrelevantes, uma vez que representam 6 bilhões de toneladas num universo de 200 bilhões lançados pela natureza. O efeito estufa, assim, é conversa pra boi dormir.

É impossível saber qual a verdade. Como o clima é algo enorme, todo mundo fala o que quer e ninguém sabe muito onde está o certo e o errado. Porém, o fato é que as pessoas adoram ser apocalípticas e acharem que entendem de tudo, motivo pelo qual o efeito estufa é culpado por qualquer calorzinho a mais. Para esse pessoal, posso apenas lembrar de “catástrofes que não foram”, como o buraco na camada de ozônio (lembra dele?) e a gripe suína (que não pegou ninguém). Bravatas apocalípticas são mais velhas que a humanidade, e achar que elas explicam tudo não leva a nada.

Um comentário:

  1. Realmente, concordo 100% que boa parte dessas "novidades" apocalípticas são uma grande baboseira. Gostaria de acrescentar ainda que elas, na minha opinião, têm raízes econômicas e políticas. Desde sempre, o medo vem sendo usado como ferramenta de manipulação e como justificativa para ações, por assim dizer, emergênciais. Não só isso, mas esse me parece que essa constante lembrança da morte tem um impacto "positivo" na economia, pois ninguém vai ficar guardando dinheiro em baixo do colchão se amanhã ela pode tomar uma bala perdida, pegar a gripe suína ou câncer de pela, entre outros.

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